Bom sol! As sebes de encosto
Dão madressilvas cheirosas
Que entontecem como um mosto.
Floridas, às espinhosas
Subiu-lhes o sangue ao rosto.
Cresce o relevo dos montes,
Como seios ofegantes;
Murmuram como umas fontes
Os rios que dias antes
Bramiam galgando pontes.
E os campos, milhas e milhas,
Com povos de espaço a espaço,
Fazem-se às mil maravilhas;
Dir-se-ia o mar de sargaço
Glauco, ondulante, com ilhas!
Pois bem. O Inverno deixou-nos.
É certo. E os grãos e as sementes
Que ficam doutros Outonos
Acordam hoje frementes
Depois duns poucos de sonos.
Cesário Verde
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