Quem somos

terça-feira, 5 de junho de 2012

Viver a vida... a crise segue dentro de momentos.



É bom viver no campo?
Sim, sobretudo nos dias que correm e se evitarmos ligar a televisão à hora dos noticiários...

Sabe bem acordar com a passarada, brincando ao desafio, por entre a folhagem das árvores, num esvoaçar imparável, ao som de estridentes chilreios.

Que sensação, transpor a porta para o jardim a cada manhã e sentir o ar puro, por vezes cortante, no Inverno. Deixar correr o olhar em volta, aspirar os diferentes aromas que enchem o espaço: a alfazema, a tília, a lúcia- lima…, ou o inconfundível cheiro a terra molhada. Passar os dedos pelos vasos coroados por fofas cabeleiras de alecrim ou de manjericão.
No Verão, é revigorante sair de manhãzinha, por sendas escondidas, ladeadas de arbustos e silvados, carregados de amoras, ou deambular sob as copas de árvores centenárias: carvalhos, sobreiros ou azinheiras, com a folhagem a filtrar a luz do sol, retirando-lhe a intensidade  mais ofuscante.

As tardes de verão convidam à sesta, sob a copa de uma grande árvore, cujos ramos formam regaços onde se aninham gatos felpudos e sonolentos. É emocionante observar as andorinhas, ao fim da tarde, nos seus voos picados, sobre a superfície lisa da água. Ao vê-las, naquele exercício arriscado, ficamos na dúvida se pretendem apenas molhar o bico ou se se tratará de um ritual de iniciação, que as leva a ensaios repetidos, numa persistência que vulgarmente se considera apanágio dos homens.

Todos sabemos da beleza incomparável de um pôr-do-sol no campo, das tonalidades irrepetíveis - faixas difusas, sobrepostas e multicolores, a incendiarem a linha que delimita o azul dos montes. Ou a emoção de assistir ao nascer de uma lua gigante, tela luminosa, onde se projectam as sombras dos pinheiros mansos e das pedras que coroam as colinas em redor.

Podem ser assim, os dias passados na Casa da Caldeira a olhar para o fluir da Natureza, sempre em mutação, com a sua roupagem de volumetrias e tonalidades tão diversas, que apenas aparentemente se repetem.
É sempre diferente este céu. São outras, já não as de há poucos dias, as ervas e pequenas flores que hoje atapetam os caminhos. Nasceram folhas novas no loureiro, desde a última vez que precisei de fazer um tempero  e as romãzeiras encheram-se, de súbito,  de flores vivas como pequenas labaredas.
Enquanto aqui estive sentada debaixo do sicómoro, centenas de minúsculas pétalas cobriram-me o cabelo, a mesa onde me apoio, o chão que piso. De repente, indefesas, tombaram à mercê de uma aragem que eu mal senti.
No campo pode-se sonhar, divagar, a propósito de um pequeno som, um ligeiro sopro,  uma mudança de luz. Mas a vida no campo também é dura, é bom que não o esqueçamos.

Aqui, na Casa da Caldeira,  procuramos proporcionar uma experiência agradável a quem nos visita, acompanhando-os num "mergulho" em plena Natureza, neste espaço rural, onde se procura preservar o meio ambiente e oferecer a oportunidade de viver momentos tranquilos, longe do bulício da cidade.
 Quem estiver interessado, poderá participar em algumas das actividades ligadas ao campo: colheita e preparação de produtos e confecção de pão, bolos ou compotas, desde que proceda a marcação prévia.


Somos produtores de agricultura em modo de produção biológico, desde 1994. Estamos situados no Concelho de Rio Maior, entre esta cidade e Santarém, numa aldeia denominada Correias, pertencente à freguesia de Outeiro da Cortiçada. Além desta exploração, temos ainda outra, a Quinta da Ribaldeira, localizada a cerca de 4 Kms, na freguesia de Abitureiras, no concelho de Santarém. Trata-se de um espaço único, onde além da área cultivada em culturas extensivas, existe um pequeno reduto de mata mediterrânica do período terciário, bem como uma riqueza significativa no que toca à flora e à fauna. Ninguém fica indiferente após um passeio por aquelas veredas de sombra, sob as copas dos velhos carvalhos e loureiros, onde se ouve correr a água quer seja Verão ou Inverno.

Nas nossas propriedades, produzimos hortícolas, frutos frescos, azeitonas, frutos secos (nozes, pinhões e amêndoas) e ervas aromáticas e procedemos à sua transformação, tendo já no mercado uma vasta gama de compotas, feitas de acordo com receitas antigas. Preparamos, ainda, outros produtos, tais como: pickles, massa de pimento e de tomate, amazake, broas doces tradicionais e pão.

Além da actividade agrícola, temos uma pequena unidade de agro-turismo, igualmente denominada Casa da Caldeira, construída nas antigas instalações de uma destilaria de aguardente. Este pequeno hotel, com cinco quartos, sala de refeições, sala de estar e cozinha, dispõe de anexos, incluindo sala de jogos, piscina de água salgada e outros espaços de lazer, onde os clientes podem ocupar o seu tempo. Estamos também disponíveis para nos deslocarmos a Escolas ou para receber Alunos e Professores em visitas de estudo, com o objectivo de divulgar os princípios da Agricultura Biológica.
Ao longo deste ano lectivo, foram várias as Escolas que nos visitaram, sobretudo de Lisboa, com os seus grupos de alunos interessados e curiosos,  perante uma realidade  que a maioria desconhece.

Durante essas visitas, as grandes estrelas têm sido, indubitavelmente, o nosso desajeitado cão, o Cacau  e os nossos gatos - Malhadinhas, Andorinha, Ouriço e Flor - que em ronronares de simpatia se entregam, de bom grado e com muitos trejeitos dengosos, aos mimos dos jovens.